Redes sociais e padrões de beleza: análise crítica no Janeiro Branco

Janeiro Branco: entenda como as redes sociais afetam negativamente a autoestima e a autoimagem e saiba como olhar para si sem comparações e mais compaixão

Hoje, se você conseguisse diminuir seu tempo nas redes sociais, gostaria de fazê-lo? Por quê? A resposta, para muitas pessoas, está relacionada ao padrão de beleza imposto pelas redes, onde até um pão de café da manhã precisa ser aesthetic, termo utilizado para descrever um estilo visual padronizado e glamourizado, esteticamente perfeito para o perfil ideal.

Outra pesquisa, feita pela Opinion Box (2023) destacou que 70% dos entrevistados acreditam que a mídia reproduz padrões irreais de beleza, e 40% afirmam que já enfrentaram problemas de saúde mental relacionados à sua aparência.

Qual dessas coisas faz com mais frequência: postar foto sem filtro ou se comparar com as pessoas que segue? Pois é… As redes têm criado padrões como nunca vistos e cada vez mais difíceis de serem alcançados.

Diante disso, neste Janeiro Branco, campanha que visa conscientizar a população sobre a importância da saúde mental e emocional, devemos, sim, encarar tais questões com um olhar mais crítico, para podermos nos olhar com mais autocuidado.

A influência das redes sociais na autoestima

Tirar uma foto sem pretensão e postá-la? Isso ficou no passado! Agora, ela deve ser conceitual, com os filtros em alta, dignos de editoriais de revista.

E, se o seu café da manhã pode sofrer julgamentos por estar fora do padrão, nem precisamos falar do padrão de beleza dos corpos. Ou será que precisamos? O quão normal é não nos sentirmos bem sem um filtro que muda nossa fisionomia?

A seguir, discutimos mais sobre as principais questões relacionadas à influência das redes sociais na autoestima. Confira!

Padrões de beleza irreais

Os padrões de beleza impostos pelas redes sociais não podem ser considerados requisitos de beleza, afinal, nenhuma das pessoas consideradas perfeitas existe fora de seus perfis.

Fora das redes, elas têm tantos defeitos como qualquer um de nós: manchas no rosto, fios de cabelo fora do lugar, estrias, espinhas, olheiras, celulite, pelos, poros, enfim. Tudo o que é “proibido” nas fotos dos stories ou do perfil.

As pessoas com as quais você se compara também usam filtro. E também se sentem inferiores às outras pessoas. É um ciclo. E todos estamos nele.

Um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) mostrou que influenciadores digitais reforçam padrões estéticos, criando um ciclo onde os indivíduos são incentivados a consumir produtos que prometem alcançar esses padrões. Assim, a autoestima dos usuários é minada a cada post.

Comparação social e suas consequências

Quando vemos as pessoas que seguimos, especialmente famosos e influenciadores digitais, postando fotos, podemos pensar “gostaria de ter essa pele”, “por que não sou assim?” e questionamentos como esses.

Infelizmente, esquecemos de refletir sobre aqueles que conhecemos. Na realidade, seus amigos são idênticos às fotos postadas por eles? Você mesmo, é exatamente igual às suas fotos?

Provavelmente a resposta é não para as duas perguntas, isso porque passamos minutos — e às vezes horas —, escolhendo o melhor filtro, cenário, ângulo e iluminação, para assim escolher a melhor foto entre muitas.

Isso acontece com todos, mas como não sabemos dos bastidores, a comparação nos cega aos defeitos alheios e nos faz enxergar os nossos com lentes de aumento.

Efeitos psicológicos da comparação nas redes sociais

Mais do que a falta de autoestima, por si só bastante prejudicial ao emocional, outros efeitos psicológicos afetam os usuários. Conforme os dados do Panorama da Saúde Mental (2024), dos 36,9% dos brasileiros que passaram 3 horas ou mais por dia nas redes sociais, 43,5% possuem diagnóstico de ansiedade.

Em pesquisa, a Faculdade de Saúde da Universidade de York, no Reino Unido, relacionou igualmente o uso excessivo de redes sociais à prevalência de depressão e ansiedade. E, por outro lado, mostrou que as pessoas que diminuem o tempo nas redes têm melhoras expressivas quanto à autoestima e autoimagem. Coincidência? Já sabemos que não. Além desses efeitos, a comparação nas redes sociais resultam em duas outras problemáticas:

  • Síndrome de FOMO: do inglês Fear of Missing Out, ou medo de estar perdendo algo, descreve a ansiedade que surge quando as pessoas acreditam estar excluídas de experiências sociais prazerosas que outras pessoas estão vivenciando;

  • Vício em validação: as emoções acima intensificam o vício em validação, que envolve a dependência da aprovação social expressa por meio de curtidas, comentários e seguidores nas redes e alimentam sentimentos depreciativos sobre si.

Relação saudável com as redes sociais: isso é possível?

Apesar de todos os contextos citados até aqui, felizmente, as redes sociais não são sempre vilãs. Os memes, as interações com quem amamos, o acesso à informação, o uso delas como fonte de renda e o entretenimento em geral são provas disso.

Para conhecer apenas o lado bom dessas ferramentas, ou pelo menos, diminuir significativamente seus malefícios, siga os três passos abaixo!

Consumo consciente

Defina horários para acessar as redes sociais e evitar o uso excessivo, principalmente antes de dormir ou em situações de vulnerabilidade emocional;

Além disso, siga perfis que promovam positividade, aprendizado, motivação, inspiração, e deixe de seguir perfis que causem ansiedade, angústia, receios, autodepreciação, comparação ou qualquer sentimento semelhante;

Outro ponto indispensável é questionar a veracidade e os efeitos emocionais do conteúdo que você consome. Nesse caso, consuma tudo com mais consciência e com um olhar mais crítico, sem deslumbres de padrões, situações, corpos e cenários irreais.

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Práticas de autocuidado

Tenha um compromisso com você. Faça pausas regulares das telas para focar em atividades que te proporcionam prazer, como exercícios, meditação, ou passatempos.

Nesse caso, vale até mesmo assistir aos seus filmes e séries preferidos, preparar e comer refeições gostosas e assim por diante, desde que sejam atividades offline, claro!

Estabelecer pelo menos um dia ou um período de desconexão digital, como “dias detox”, nos quais o uso das redes são evitados por um tempo maior, também é uma boa ideia.

De filme, música, conteúdos e interações on ou offline, sempre priorize coisas e pessoas que fortaleçam a sua autoestima e o seu bem-estar.

Procura de ajuda profissional

Se a dependência das redes sociais ou a busca constante por validação estiver prejudicando sua saúde mental, a procura de ajuda profissional é essencial. Profissionais de saúde mental auxiliam no tratamento desses sintomas e no fortalecimento do bem-estar emocional.

A partir das terapias, eles oferecem estratégias para lidar com a ansiedade, o FOMO, a baixa autoestima e todos os pensamentos e comportamentos prejudiciais decorrentes do tempo online.

No entanto, vale lembrar que, apesar de você não dever de prender aos padrões irreais, existem casos de ordem estética, mas também existem dificuldades mais complexas como, lipedema, hiperidrose, rosácea, acne severa, entre outros, que com a ajuda de uma especialista garantem maior qualidade de vida.

Em todo caso, cuide dessas condições, pois não só impactam a aparência, mas também a saúde física e emocional e crie situações favoráveis ao seu bem-estar como um todo, do autocuidado à sua relação com as redes sociais.

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