Alexandre Rollo destaca também as diferenças em relação ao pleito no Brasil
O especialista em Direito Eleitoral, Alexandre Rollo, afirma que “não é possível afirmar categoricamente que houve fraude nas eleições da Venezuela, mas é possível dizer que ocorreram eventos muito estranhos que geram dúvidas graves e preocupantes sobre os resultados anunciados”.
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O professor de pós-graduação em Direito Eleitoral do TRE-SP lista sete principais problemas observados nas eleições venezuelanas:
- Histórico de perseguições: “Há anos, candidatos da oposição são impedidos de concorrer contra o ‘chavismo’. Nesta eleição, a oposição teve que recorrer ao plano C, pois os dois candidatos iniciais foram impedidos de participar. Isso gera dúvidas e estranheza”.
- Falta de imparcialidade do CNE: “O Conselho Nacional Eleitoral, órgão máximo da justiça eleitoral, é composto por uma maioria chavista, e o presidente tem ligações próximas com Nicolás Maduro. Isso compromete a imparcialidade do órgão, que deveria ser neutro para presidir uma eleição, uma regra básica em qualquer democracia”.
- Impedimento de votos de imigrantes: “Venezuelanos que deixaram o país, insatisfeitos com o regime Maduro, foram impedidos de votar. No Brasil, estima-se que há cerca de 500.000 venezuelanos, dos quais apenas 1.000 puderam votar. Isso se repetiu em outros países. Maduro sabia que os votos de fora seriam majoritariamente contra ele”.
- Fechamento das fronteiras: “Horas antes da votação, a Venezuela fechou as fronteiras, impedindo que venezuelanos que quisessem voltar para votar pudessem fazê-lo”.
- Resultado oposto ao das pesquisas: “Pesquisas sérias, de institutos com anos de atuação na Venezuela, apontavam uma vitória fácil da oposição”.
- Impedimento de observadores internacionais: “O regime Maduro não permitiu a presença de observadores internacionais, como ex-presidentes da América do Sul, no dia da votação”.
- Dificuldade de acesso aos boletins de urna: “A oposição reclama que não teve acesso aos boletins de urna para verificar os resultados das eleições, comprometendo a fiscalização e gerando falta de transparência”.
Diferenças em relação às eleições no Brasil
Rollo destaca três principais diferenças entre as eleições brasileiras e as venezuelanas:
- Urnas independentes: “No Brasil, as urnas eletrônicas não são interligadas entre si. Mesmo que haja fraude em uma urna, isso não comprometeria as demais. As urnas não são conectadas à internet, impossibilitando invasões hackers”.
- Acesso aos boletins de urna: “No Brasil, impedir o acesso aos boletins de urna constitui crime eleitoral. Todos os partidos têm acesso garantido”.
- Fiscalização: “No Brasil, a fiscalização é permitida em todas as fases do processo eleitoral, realizada pelo Ministério Público, partidos políticos e OAB, garantindo maior transparência e confiabilidade nos resultados anunciados”.
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