Especialistas dizem que o objeto, encontrado em uma vala em Vindolanda, pode ser o exemplo mais antigo de um falo de madeira encontrado em qualquer lugar do antigo império romano.
As representações da genitália masculina eram comuns entre os romanos. Eles acreditavam que o pênis era sinônimo de sorte, proteção, poder, fertilidade e, por isso, reproduziam o órgão em paredes, estátuas e, conforme descoberto em 1922, na cidade de Vindolanda, perto da Muralha de Adriano, no norte da Grã-Bretanha, em madeira.
Um falo de madeira encontrado em um forte romano de Vindolanda pode mostrar que as representações da genitália masculina vão além de crenças e, provavelmente, eram usadas para o prazer. Uma análise publicada nesta segunda-feira (20/2) na revista Antiquity, revelou que o objeto era utilizado como sex toy — brinquedo sexual.
A constatação foi possível a partir de escaneamentos em 3D, em que estudiosos da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, e da Universidade College Dublin, na Irlanda, observaram que as duas extremidades do objeto eram mais macias em comparação ao resto de sua estrutura. Além disso, é possível que o artefato tenha sido esculpido por um profissional, já que sua superfície é lisa e sem “bitolas profundas”. “o objeto sugere a mão confiante de uma pessoa acostumada a pensar em três dimensões e familiarizada com o trabalho da madeira”, ressaltam os pesquisadores.
‘Liso em ambas as extremidades’
Mas especialistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, e da University College Dublin, na Irlanda, dizem acreditar agora que o objeto, que mede cerca de 16 cm, pode ter tido um uso mais íntimo.
Ao analisar o artefato, eles perceberam que ambas as extremidades estavam visivelmente mais lisas, indicando uso repetido ao longo do tempo.
“Sabemos que os antigos romanos e gregos usavam instrumentos sexuais— este objeto de Vindolanda pode ser um exemplo disso”, afirma Rob Collins, professor de arqueologia na Universidade de Newcastle.
Falos eram comuns no Império Romano, pois acreditava-se que ofereciam proteção contra a má sorte.
Há muitos retratados em obras de arte, esculpidos em cerâmica ou representados em miniaturas — feitas de osso ou metal —, que eram frequentemente usadas como pingentes de joias.
Os arqueólogos afirmaram que outra possibilidade é que o objeto tenha sido usado como um pilão para moer ingredientes para cosméticos ou remédios, e sua forma pode ter sido pensada para adicionar propriedades consideradas mágicas.
Ou pode ter sido encaixado em uma estátua e depois esfregado para dar sorte, conforme eles escreveram na revista científica Antiquity.
“O falo de madeira pode muito bem ser o único que sobreviveu daquela época, mas é improvável que tenha sido o único do tipo usado no sítio arqueológico, ao longo da fronteira, ou até mesmo na Grã-Bretanha romana”, diz Barbara Birley, curadora do Vindolanda Trust, onde o objeto está agora em exposição.