Especialistas da Dasa falam sobre a importância da descoberta antecipada da doença e ressaltam a necessidade do acompanhamento médico
Desde 2017, a campanha Dezembro Vermelho marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV (sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana) e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), chamando a atenção dos brasileiros para a prevenção, a assistência e a proteção das pessoas infectadas.1 Quarenta anos depois da primeira pandemia de aids (da sigla em inglês para síndrome da imunodeficiência adquirida), em 1982, a Organização das Nações Unidas (ONU) ainda chama a atenção para o tema, lembrando a necessidade de manter o foco na erradicação da doença, que já matou mais de 41 milhões de pessoas no mundo.
Isso porque, mesmo com a diminuição de mais de 54% das infecções por HIV desde o pico vivido em 1996 e a redução de 68% de mortes relacionadas à aids desde 2004, ainda há quase 39 milhões de pessoas no planeta vivendo com o vírus, sem contar aquelas que estão infectadas, mas não sabem.
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“Ainda hoje, cerca de 30% das pessoas que são diagnosticadas com HIV já estão com aids, e essa é uma apresentação tardia muito significante, sendo que existem formas de, mesmo infectado com o vírus, não desenvolver a doença. Esse é um cenário que precisa ser mudado urgentemente”, diz a dra. Sumire Sakabe, infectologista do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, que pertence à Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil.
Diferenças entre HIV e aids, sintomas e tratamento
A dra. Sumire explica que nem todo mundo que é infectado pelo vírus vai apresentar a doença. “Você pode ter HIV sem sinal algum disso. Algumas pessoas levam décadas até ter, de fato, a aids”, diz.
E o dr. Alberto Chebabo, infectologista do laboratório Sérgio Franco, no Rio de Janeiro, também pertencente à Dasa, afirma que alguns sinais da aids mais aparentes são emagrecimento, diarreia e lesões na pele. “A doença elimina o sistema imunológico do paciente, que fica suscetível a doenças oportunistas e, muitas vezes, a manifestação inicial já é uma condição grave, como toxoplasmose cerebral, retinite, meningite ou tuberculose disseminada, que pode levar a óbito.”
Por isso, não é preciso esperar os sintomas da doença para combater o HIV e a aids. O tratamento antirretroviral (Tarv), quando acompanhado por um especialista, iniciado precocemente e seguido de forma adequada, leva à redução da carga viral no organismo, alcançando um nível chamado de indetectável.
“O medicamento evita que haja perda de célula da imunidade, eliminando o risco de desenvolver a doença. Assim, a pessoa adota a rotina medicamentosa, sempre com orientação e acompanhamento de um especialista, como qualquer outro paciente com alguma condição crônica, e tem qualidade de vida, além de deixar de ser um vetor de transmissão do vírus”, aponta o dr. Chebabo.
Diagnóstico e prevenção
Um dos principais fatores que têm ajudado a reduzir a gravidade e o número de mortes por IST, como conta o hematologista dr. Sandro Pinheiro Melim, do Exame Medicina Diagnóstica, marca que também integra a Dasa, no Distrito Federal, é o diagnóstico precoce.
“Quanto antes a pessoa infectada com o vírus, bactéria ou outro microrganismo causador de IST iniciar o tratamento indicado, melhor para preservar o sistema imunológico e evitar complicações das infecções. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental”, afirma o especialista.
A indicação do dr. Chebabo é que todas as pessoas, ao fazerem exames anuais, sejam testadas para IST, principalmente aquelas que têm vida sexual ativa e com múltiplos parceiros. “Mais de 90% dos casos de transmissão de HIV ocorrem por relação sexual. Outras formas de contrair o vírus são o compartilhamento de agulhas e objetos cortantes infectados, transfusão de sangue – cuja infecção hoje é rara porque o material é sempre analisado – e a transmissão materno-fetal, na gestação, no parto ou na amamentação”, comenta o infectologista.
As formas de prevenção de IST incluem, principalmente, o uso de preservativos e, quando se trata do vírus HIV, a dra. Sumire lembra também a possibilidade de utilização da Profilaxia Pré-Exposição, mais conhecida como PrEP – um medicamento que, prescrito por um profissional da saúde, evita a infecção pelo vírus caso ocorra a exposição a ele.
“Quem corre o risco de entrar em contato com o vírus, como pessoas sexualmente ativas, com múltiplos parceiros ou que não fazem uso de preservativo, deve consultar um médico para se proteger e evitar a contaminação. A PrEP consiste em dois remédios em uma única cápsula, que precisa ser tomada apenas pelo período de risco. Muitas cidades no mundo têm fechado centros de tratamento de HIV por conta da efetividade dessa prevenção, que diminuiu o número de infectados”, ressalta a dra. Sumire.
O paciente deve procurar um profissional de saúde e se informar para saber se tem indicação para o uso da PrEP, que deve ser feito sempre com acompanhamento médico, incluindo exames regulares. O medicamento está disponível de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas pode ser prescrito pela saúde suplementar ou, inclusive, comprado em farmácia. “Todos precisam saber que esse remédio existe e a sociedade deve deixar de lado o estigma da doença, para que casos de complicações e mortes por aids sejam cada vez mais raros. Hoje, é possível conviver muito bem com o vírus, e tanto o diagnóstico quanto o acompanhamento e o tratamento são direitos desses pacientes”, conclui a especialista.
Fonte: Veja