O Itamaraty emitiu nota oficial classificando o episódio como “inaceitável”
O governo brasileiro manifestou indignação com o tratamento dispensado a 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos na última sexta-feira (24). O voo fretado pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos EUA (ICE), com destino a Belo Horizonte, fez escala em Manaus, onde as autoridades brasileiras constataram que os passageiros estavam algemados nos pés e mãos.
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) emitiu nota oficial classificando o episódio como “inaceitável” e afirmando que o uso indiscriminado de algemas viola o acordo de repatriação firmado entre os dois países, que prevê o tratamento “digno, respeitoso e humano” aos repatriados.
Além do uso de algemas, o Itamaraty apontou outros problemas que motivaram a interrupção do voo em Manaus:
- Mau estado da aeronave: o sistema de ar condicionado apresentava falhas, comprometendo o conforto e bem-estar dos passageiros.
- Revolta dos passageiros: o tratamento indigno gerou protestos entre os brasileiros a bordo.
Diante da situação, as autoridades brasileiras impediram o prosseguimento do voo para Belo Horizonte e providenciaram o embarque dos repatriados em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) na tarde de sábado (25). O grupo, composto por 84 homens e quatro mulheres, chegou ao Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, às 21h10.
Acordo bilateral e direitos humanos
O Brasil concordou com a realização de voos de repatriação a partir de 2018 com o objetivo de reduzir o tempo de permanência de brasileiros em centros de detenção nos EUA. No entanto, o acordo bilateral prevê o respeito aos direitos humanos e à dignidade dos repatriados.
O Itamaraty solicitará esclarecimentos ao governo norte-americano sobre o ocorrido e reforçou que “segue atento às mudanças nas políticas migratórias naquele país, de modo a garantir a proteção, segurança e dignidade dos brasileiros ali residentes”.