Pesquisas indicam que a pandemia influenciou no problema devido ao home office. Especialista fala do assunto e dá dicas para a postura
Doenças da coluna foram as principais causas de afastamentos do trabalho com o pagamento do auxílio-doença pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2020. Transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais ocuparam os topo das ausências, com 1.247 benefícios concedidos apenas em Goiás. Dentre esses transtornos estão as hérnias de disco, estenoses do canal vertebral e osteoartrose, que podem acontecer em toda a extensão da coluna vertebral (cervical, torácica e lombossacra) . Em segundo lugar dos benefícios no Estado está o lumbago com ciática, com 1.117 afastamentos, que é, especificamente, a dor lombar baixa irradiada para os membros inferiores no trajeto do nervo ciático. Ou seja, as duas principais causas de afastamento estão relacionadas à coluna vertebral.
O neurocirurgião Leonardo Rocha-Carneiro García-Zapata, que atende no Tumi Espaço Clínico, no Órion Complex, em Goiânia, cita alguns dos fatores que levam a esses dois problemas. “As causas variam, podem ser traumas, sobrepeso, mau condicionamento físico, questões genéticas e má postura, a qual engloba atividades laborativas, carregar pesos de forma inadequada e esforços físicos”, detalha o médico.
Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), aponta que 41% dos entrevistados passaram a sentir dores nas costas durante o isolamento social e dos que já sofriam de dores crônicas, mais de 50% afirmam que o desconforto aumentou na quarentena. Outro dado foi apontado pelo Google, que detectou que o termo “dor nas costas” teve crescimento de 76% nas buscas desde o início da pandemia no Brasil, de acordo com o Google Trends, serviço de análise de tendências do buscador.
LEIA TAMBÉM:
- Em dois anos, Governo Ibaneis finaliza Complexo Viário Governador Roriz
- Setor Primavera terá trecho interditado para obras da Caesb
- Estão abertas as inscrições para o 2° Prêmio Detran-DF de Educação de Trânsito
- Delmasso propõe punições a práticas violentas contra pessoas em condições de pobreza
Leonardo García-Zapata concorda que a pandemia causada pelo coronavírus influenciou no aumento dos casos dessas doenças. “Estamos diante da piora dos quadros de lombalgia com ciática e das doenças degenerativas discais lombares e cervicais devido ao sedentarismo, pois as pessoas diminuíram as atividades físicas, e também pela prática do home office. A maioria das pessoas não adaptou o ambiente em casa para o trabalho, improvisou cadeira, mesa, computador e fez isso de forma inadequada. Essa mudança repentina nos hábitos de trabalho e a interrupção dos exercícios são os principais fatores”.
Peso
O especialista também alerta para uma outra questão que influencia no crescimento desses problemas na coluna. “Muitas pessoas também mudaram os hábitos alimentares, ganharam peso e a musculatura está mais fraca. Passam muitas horas sentadas. Tudo isso favorece uma degeneração mais acelerada da coluna”, alerta ele, que recomenda fazer uma avaliação precoce com um neurocirurgião ou ortopedista especialista em coluna, diante dos primeiros sintomas.
“Nem sempre as dores na coluna levam à cirurgia, muitas vezes é possível um tratamento conservador com fisioterapia e vários tipos de reabilitação. E quando é cirúrgico pode ser, em vários casos, minimamente invasivo, com alta precoce e rápida recuperação”, explica Zapata. “Em alguns casos a dor lombar que desce para a perna pode não ser um problema no disco. Outros fatores podem causar essa dor, como, por exemplo, tumores na coluna, por isso é importante uma avaliação precoce com médico”, ressalta o neurocirurgião.
Para evitar esses problemas, o médico orienta. “É importante fazer atividade física regular, com um fortalecimento muscular adequado e, preferencialmente, exercícios físicos supervisionados por um profissional. Além disso, evitar ganhos de peso excessivos, realizar alongamentos, evitar carregar objetos pesados e fazer o levantamento deles de forma correta”, destaca o especialista, que complementa com outras dicas:
Atenção ao mexer no celular: Mantenha o aparelho no seu campo de visão, de preferência na horizontal. Assim, você evita abaixar a cabeça e, consequentemente, o surgimento de dores cervicais. Leve sempre a tela do aparelho até o nível dos olhos e, quando terminar de usá-lo, junte as omoplatas e grude o queixo no pescoço por 10 segundos. Assim, você estará alongando a área e, também, evitando o surgimento de dores no local.
Cuidados durante o trabalho: Mantenha seus ombros alinhados com o quadril, os pés apoiados no chão para evitar que seu corpo deslize pela cadeira e postura ereta. Além disso, seu notebook/computador precisa estar alinhado com sua vista.
Postura ao dormir: Atente-se ao local onde você dorme. Sua cama não deve ser extremamente macia nem muito dura. Ela precisa relaxar o seu corpo de forma saudável, assim como o seu travesseiro: escolha um que mantenha sua coluna alinhada junto com o colchão.
Tarefas diárias: É importante manter uma boa postura, mantendo as costas eretas e bem apoiadas, dobrar os joelhos e inclinar-se a partir do quadril, quando tiver que se agachar, e manter os braços junto ao corpo e usá-los para pegar objetos pesados e em locais altos.
Atenção ao sentar: Atente-se em sempre estar ereto e, se for necessário, utilize uma almofada na região lombar para alinhar a coluna.
Massagens relaxantes: Receber este tipo de massagem durante o dia ajuda na liberação de tensões musculares e relaxamento dos locais aplicados. Pode ser feita com objetos, como uma bola de tênis ou rolo de massagear, ou com o auxílio de uma pessoa.