Ovos de Aedes aegypti em Goiânia podem conter Zika e Chikungunya, alerta estudo da UFG

O estudo foi motivado por uma pesquisa anterior do mesmo grupo, que identificou a transmissão vertical do vírus Mayaro em Aedes aegypti

Uma pesquisa inovadora da Universidade Federal de Goiás (UFG) revela a presença dos vírus da zika e chikungunya em ovos do mosquito Aedes aegypti coletados em Goiânia. O estudo, publicado na sexta-feira (23) na “Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical”, indica que os mosquitos já nascem infectados, antes mesmo de picar humanos, o que configura um cenário preocupante para a saúde pública.

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Transmissão vertical: um novo desafio

Esse tipo de transmissão, chamada de vertical, ocorre quando os vírus passam da fêmea para os ovos, intensificando a disseminação das doenças. “O mosquito não é apenas um hospedeiro, mas carrega o vírus desde o nascimento”, explica o autor do estudo, Diego Michel, pesquisador da UFG. A última detecção de transmissão vertical em Goiânia havia sido em 2017.

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Confirmação em laboratório

Para comprovar a transmissão vertical, os pesquisadores criaram mosquitos em laboratório a partir de ovos coletados em Goiânia com armadilhas fornecidas pela vigilância sanitária municipal. Testes como o PCR identificaram a presença dos vírus da chikungunya (em 20 mosquitos) e da zika (em 1 mosquito).

Impacto na saúde pública e medidas de prevenção

Embora a quantidade de mosquitos infectados seja baixa, a descoberta reforça a necessidade de atenção constante por parte das autoridades de saúde pública. “O mosquito já infectado antes da picada pula uma etapa da transmissão, acelerando a proliferação das doenças”, alerta Michel.

Em 2021, ano do estudo, Goiânia registrou 1 caso de zika e 141 de chikungunya, números possivelmente subnotificados devido à pandemia. Em 2022, os casos de chikungunya subiram para 1462, com 1 caso de zika. Já em 2023, foram 510 casos de chikungunya e 2 de zika. A persistência do mosquito se dá pela capacidade dos ovos de permanecerem até um ano sem eclodir, aguardando água para eclodir.

Adaptação do mosquito e desenvolvimento de novas técnicas

“Os resultados servem como alerta para as autoridades, pois estas doenças ainda são subnotificadas e o mosquito urbano se adaptou biologicamente”, destaca Michel.

O estudo foi motivado por uma pesquisa anterior do mesmo grupo, que identificou a transmissão vertical do vírus Mayaro em Aedes aegypti em Goiânia. O ciclo do Mayaro também envolve mosquitos silvestres diurnos.

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