Banco Central eleva Selic para 10,75% em resposta à alta do dólar e incertezas inflacionárias

Esse foi o primeiro aumento desde agosto de 2020

Em um movimento amplamente esperado pelo mercado, o Banco Central do Brasil (BC) decidiu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, elevando-a para 10,75% ao ano. Esta é a primeira alta em mais de dois anos e ocorre em um cenário de apreensão com a recente valorização do dólar e as incertezas que rondam a inflação.

A decisão, tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom), marca o fim de um ciclo de cortes que vinha sendo implementado desde agosto de 2022. Na ocasião, a Selic estava em 13,75% e, após seis reduções de 0,5 ponto e uma de 0,25 ponto, chegou a 10,5% em maio deste ano.

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O Copom justificou a alta com base em diversos fatores, incluindo a resiliência da atividade econômica, as pressões no mercado de trabalho, o hiato do produto positivo (indicando que a economia está próxima de operar acima de sua capacidade), a alta das estimativas para a inflação e a desancoragem das expectativas de inflação.

Embora a inflação oficial, medida pelo IPCA, tenha registrado deflação em agosto, puxada pela queda no preço da energia elétrica, o BC alerta que esse alívio é temporário. A expectativa é de que as tarifas de luz subam em setembro e a seca prolongada impacte os preços dos alimentos.

O mercado financeiro já projeta um cenário mais pessimista para a inflação, com estimativas de que o IPCA feche o ano em 4,35%, próximo ao teto da meta. O próprio Banco Central, em seu último Relatório de Inflação, manteve a previsão de 4% para o IPCA em 2024, mas essa estimativa pode ser revisada devido à alta do dólar e ao impacto da seca.

O aumento da Selic é uma ferramenta importante para conter a inflação, pois juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo, ajudando a controlar a demanda. No entanto, essa medida também pode impactar o crescimento econômico.

O mercado, por sua vez, mantém o otimismo em relação ao crescimento do PIB, projetando uma expansão de 2,96% em 2024, bem acima da previsão do BC de 2,3%.

A decisão do Copom sinaliza um cenário de cautela e atenção às pressões inflacionárias, com a possibilidade de novos aumentos nos juros caso a inflação não apresente sinais de convergência para a meta.

Da redação com informações da Agencia Brasil

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