Coluna Saúde ao pé do ouvido | Ai, minhas costas!, por Gisele Pena

Por @Gisele_Pena

Com a pandemia do novo coronavírus, muita gente adotou o home office ou simplesmente ficou mais em casa, por conta da necessidade de se reduzir o contato social. Como consequência, a atividade física diária caiu e, com ela, veio a dor nas costas! De fato, dor nas costas é uma das maiores queixas de saúde nos países ocidentais. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a Organização Mundial de Saúde estima que aproximadamente 80% da população mundial irá senti-la em algum momento da vida. Inúmeros são os transtornos que a acompanham, como incapacidade para se movimentar, necessidade de afastamento do trabalho, uso recorrente de medicamentos, idas frequentes aos serviços de saúde, além do impacto emocional e o medo de estar doente! 

Sabemos que dor é um indicativo de que algo não vai bem no nosso corpo. Mas será que dor nas costas é sempre sinal de que algo grave está acontecendo? Na maioria dos casos ela é denominada inespecífica, que significa que não foi encontrada uma doença ou lesão que a justifique. Em junho deste ano, a renomada revista científica British Journal of Sports Medicine publicou um editorial que põe abaixo mitos e crenças que muitos de nós temos sobre o assunto. O editorial traz as dez coisas que toda pessoa deveria saber sobre dor nas costas, listadas a seguir:

1 – dor nas costas persistente pode ser angustiante e incapacitante, mas raramente é uma condição que traz riscos a vida e irá deixá-lo em uma cadeira de rodas;

2 – o envelhecimento não é causa de dor nas costas. Embora exista a crença de que o envelhecimento causa ou piora a dor nas costas, não há pesquisas que mostram isso e tratamentos baseados em evidência podem ajudá-lo em qualquer idade;

3 – dor nas costas persistente raramente está associada a lesão tecidual grave. Quando se sofre uma lesão, o reparo do tecido acontece em aproximadamente três meses; se a dor persistir por mais tempo, outros fatores podem estar contribuindo como estresse, fadiga, sedentarismo ou alguma atividade a qual seu corpo não está acostumado;

4 – exames de varredura raramente mostram a causa da dor nas costas. Imagens assustadoras de hérnia de disco, degeneração, protrusões e artrite, por exemplo, podem ser encontradas em exames de pessoas com e sem dor também. Além disso, as imagens mudam e muitas hérnias de disco, por exemplo, podem regredir com o tempo;

5 – dor que surge com o exercício ou movimento não significa que o mesmo está sendo mal executado e deva ser interrompido. É normal que a coluna e os músculos adjacentes fiquem doloridos e sensíveis ao toque, ainda mais quando se estreia em uma atividade. Manter-se ativo é um dos meios mais eficazes para tratar dor nas costas; 

6 – dor nas costas não é causada por má postura. O modo como nos sentamos, deitamos e permanecemos de pé não causa a dor. Várias posturas são saudáveis para a coluna e é seguro relaxar durante o dia com as costas curvadas;

7 – musculatura do core fraca não causa dor nas costas. Os músculos do core são aqueles que estabilizam o quadril, pélvis e lombar e muitos indivíduos com dor tendem a tencioná-los como uma proteção, mas adotar essa medida o tempo todo não será benéfico; ao contrário, aprender a relaxar essa região será mais útil;

8 – as costas não se desgastam com os movimentos diários de carregar peso e dobrar a coluna. Levantar pesos, se movimentar e provocar uma sobrecarga nas costas vão torná-la mais forte e saudável. Muitas atividades são seguras e benéficas se iniciadas de maneira gradual e praticadas com regularidade;

9 – surtos de dor não significam que você está se lesionando, mas sim que situações “gatilho” estão ocorrendo e gerando crises, como por exemplo, sono ruim, estresse, tensão, medo, mal humor, inatividade ou a realização de alguma atividade que você não tem costume de fazer. Tentar controlar esses fatores irá lhe ajudar a sofrer menos crises;

10 – Injeções, cirurgias e medicamentos fortes, normalmente, não são eficazes para dor persistente. Eles trazem riscos e muitos efeitos adversos. Conhecer seu corpo e encontrar meios que não o colocam em crise é a chave para o controle da dor!

Todas as informações listadas foram retiradas de importantes pesquisas sobre o assunto. O objetivo do editorial é educativo e não o de desestimular pessoas a procurar auxílio médico e investigar a causa da sua dor.

Para dores inespecíficas e para aquelas provenientes de processos patológicos, como por exemplo, hérnia de disco, artrite e fraturas, a auriculoterapia pode ser uma excelente opção! Na nossa orelha há pontos específicos relacionados a toda extensão da coluna vertebral, bem como pontos para relaxamento muscular, analgésicos, para minimizar a ansiedade e outras emoções negativas que contribuem para a dor piorar ou perdurar. E claro, quando associada a um estilo de vida saudável e a prática regular de exercícios, tudo fica melhor!

|Por @gisele_pena

|Fisioterapeuta

|PhD e MSc em Ciências Biológicas (Fisiologia)

|Auriculoterapeuta

|E-mail: [email protected]

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