A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou nesta quinta-feira (17), uma solenidade para homenagear os policiais que trabalharam para elucidar o feminicídio da agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Valdéria da Silva Barbosa. O reconhecimento público foi destinado a membros da corporação distrital e também da Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO).
O deputado Wellington Luiz (MDB), presidente da CLDF, fez questão de abrir o evento prestando solidariedade aos familiares de Valdéria e rendendo homenagem aos componentes das forças de segurança. “Apesar da tristeza do momento é importante estarmos juntos aqui para homenagear os bravos guerreiros que estão nessa luta e, em especial, a família da nossa amiga Valdéria. Saudação muito especial aos pais dela, aos filhos e todos os parentes que estão aqui. A presença de vocês nos fortalece como policiais e como seres humanos”.
O parlamentar completou, falando sobre a tristeza do momento e a necessidade de enaltecer o trabalho das forças policiais como forma de reduzir minimamente o sofrimento da família. “É um momento de muito sofrimento que a gente vive no Distrito Federal. Termos 24 feminicídios nos envergonha como cidadão e nos entristece como pais, mães e filhos. Resolvemos fazer essa homenagem aos policiais que bravamente cumprirão seu dever. Fica registrada nossa gratidão a eles. E agradeço também à família por estar aqui. Foi valioso ter ouvido do senhor Valdomiro que para ele era muito importante vir aqui e abraçar esses policiais. As palavras dele representam o que a gente realmente sente”, declarou o presidente da Câmara Legislativa.
Ian Barbosa Tavares, filho da agente Val, como era chamada em família, falou representando toda a família enlutada. “Antes da minha mãe ser policial, ela era filha, mulher, tia, irmã, mãe e esposa. Em todas essas áreas, minha mãe foi uma mulher excepcional, fora da curva, e desempenhou seu papel com a mais alta honra e dignidade. Aonde quer que íamos nesses primeiros dias de dificuldade, alguém a conhecia, elogiava e se comprometia a fazer o máximo possível para nos ajudar. Meus mais profundos e sinceros agradecimentos à PCDF e à PMGO. Sem vocês, eu não conseguiria sequer dormir. Quero deixar um último recado às mulheres que estão nessa mesma situação: não deixem ninguém silenciar vocês, não deixem que ninguém tenha controle sobre vocês. Procurem ajuda. Tenho certeza de que a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) irá acolhê-las. Estou torcendo por vocês do fundo do meu coração. Vamos vencer juntos”, afirmou Ian. Participaram da cerimônia os pais, Valdomiro e Maria José, e o outro filho, Luca Barbosa.
A presidente da Comissão de Segurança da CLDF e Procuradora Especial da Mulher, deputada Doutora Jane (MDB), registrou que a polícia é uma família. “No serviço público, tenho 42 anos e na PCDF, 24 anos. Passei pela Saúde, pela Educação e pela Segurança pública. Sabemos que a polícia é verdadeiramente uma família. Tinha certeza de que a Polícia encontraria o assassino porque estava ferida. Nós perdemos uma familiar. Quero demonstrar meu sentimento para a família e de dizer que tenho o maior orgulho de me ombrear aos policiais civil e aos policiais de Goiás”, disse a deputa Jane, que também atuou como delegada da PCDF. A distrital ainda concluiu sua fala com um chamamento.
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“Precisamos permitir que a vítima se sinta confortável. Ela não é responsável pela violência que sofre. Tem um covarde que agride, xinga e mata. Em nosso país ainda é muito confortável ser agressor de mulheres. Nós passamos pano, desculpamos os agressores. Ele tem que ter o peso social e essa responsabilidade é nossa”, finalizou Doutora Jane.
O deputado federal Fred Linhares (Republicanos) afirmou que foi o primeiro a dar a notícia da morte do assassino de Valdéria e elogiou a atuação dos policiais. “Não adianta combater a violência com flores. Queria muito que mais pessoas defendessem os policiais assim como nós que estamos nessa mesa defendemos. Se dependesse de mim, eles teriam muito mais liberdade para trabalhar. Lamento a morte de uma policial civil que salvou várias vidas e salvou muitas mulheres trabalhando na DEAM. Ela morreu de forma muito covarde. Já estamos em 24 feminicídios e 47% delas registraram ocorrência contra esses caras. Até onde vamos chegar com isso”, questionou Linhares.
Por sua vez, a deputada federal Bia Kicis (PL) disse que é preciso dar um basta nesta situação. “Como mulher me sinto atingida. Não suportamos mais esse tipo de violência. Temos que lutar para melhorar a legislação