Deputado solicitou que órgãos do GDF, UnB, entidades ambientalistas e representantes da comunidade ajudem no levantamento
O deputado distrital Chico Vigilante (PT) propôs, na última semana, durante comissão geral realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para discutir com comunidade, autoridades e ambientalistas a situação do Rio Melchior, um desafio às entidades que participaram do evento. Ele pediu para que seja feita uma coleta conjunta, ao longo do rio, cujo resultado permita dar uma ideia concreta da qualidade da água lá existente. “Faço esse apelo à Caesb, Universidade de Brasília, Adasa, SLU e à comunidade, todos juntos”, afirmou.
Além disso, ficou definido que dentro de 180 dias, as instâncias relacionadas ao tema irão apresentar um estudo sobre a contaminação das águas do Melchior, baseando-se em parâmetros internacionais. “Precisamos ainda tratar do assoreamento das margens do rio. Pois não adianta investir na qualidade da água e esquecer os demais problemas”, acrescentou o parlamentar, que tem uma preocupação constante com a situação deste manancial.
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Localizado entre Ceilândia e Samambaia, na região que inclui ainda o Sol Nascente/Pôr do Sol, o Rio Melchior recebe 40% dos esgotos do Distrito Federal. Embora, passe por tratamento, o curso d’água de 25 quilômetros é também local de despejo de chorume do aterro sanitário, além de efluentes não tratados resultantes de processos industriais e agrícolas, entre outros.
Essa realidade foi apresentada durante a comissão geral realizada para debater o tema quinta-feira (2), por iniciativa de Vigilante. E, conforme ficou demonstrado, preocupa ativistas ambientais, organizações da sociedade civil, estudiosos e a população residente na bacia hidrográfica na qual o rio está inserido.
Emergência
Com a presença de diversos agentes envolvidos na questão, incluindo empresas estatais e órgãos governamentais, o debate em torno da poluição do Rio Melchior evidenciou a emergência de ações para reverter a situação.
Representantes de organizações civis e governamentais, bem como da população residente na área, expuseram as ações empreendidas nos últimos anos, apresentaram ideias e reivindicações. Os ambientalistas Alzirenio Carvalho e Newton Vieira Vasconcelos, por exemplo, cobraram do poder público novos procedimentos para evitar “que o rio morra” e indagaram a respeito do que foi realizado a partir de encaminhamentos determinados em reuniões anteriores, inclusive na própria Câmara Legislativa.
Já a pesquisadora Larissa de Souza emocionou-se ao falar do envolvimento de anos com a preservação do Rio Melchior e exigiu mais empenho das autoridades.
Representantes dos órgãos do GDF – Caesb, Adasa, SLU, Secretaria do Meio Ambiente e Instituto Brasília Ambiental (Ibram) – relataram atividades fiscalizatórias e os investimentos para melhorar o tratamento dos esgotos que são lançados no Rio Melchior, com a consequente redução dos impactos ambientais. Diretor da Caesb, Carlos Eduardo Borges ainda elogiou a ação dos ambientalistas “que nos propicia buscar soluções”.
Da Aliança Tropical de Pesquisa da Água, parceria da qual faz parte a Universidade de Brasília, o professor Alan Mosele Tonin observou que é necessário identificar os principais poluidores, incluindo o setor produtivo. “Esse levantamento possibilitará a apresentação de iniciativas para reverter a situação”, prescreveu.
Enquanto Ricardo Minotti, em nome do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba, falou da urgência de firmar compromissos para que o rio chegue, no ano de 2030, à classe 2 – segundo classificação dos corpos d’água pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) –, que serve, entre outras destinações, ao consumo humano após tratamento. Em 2014, o Melchior foi enquadrado na classe 4, que permite o lançamento de efluentes.
Fonte: Agência Brasil