Mostras paralelas e discussões sobre o audiovisual brasileiro compõem programação do FBCB de 2022
O dia 15 de novembro foi feriado, mas também foi dia de cinema para quem acompanha a 55ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB). Marcado pelo início dos debates e das mostras paralelas, a terça-feira de festival contou com a exibição de curtas e longas-metragens e com a realização de importantes discussões sobre o audiovisual brasileiro.
O evento, que segue até o próximo domingo (20), é promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) em parceria com a organização da sociedade civil (OSC) Amigos do Futuro.
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Neste que foi o segundo dia do FBCB, chamou a atenção a presença marcante dos brincantes, bonecos mamulengos, palhaços e super-heróis. Numa noite em que o público lotou o Cine Brasília para conferir a estreia da Mostra Brasília, fantasia e alegoria deram o ar da graça por meio de produções com narrativas criativas, divertidas e pitadas de non sense.
Com diversas poltronas ocupadas por crianças, o curta Super-Heróis, de Rafael de Almeida, criou empatia imediata com o público infantil e adulto a partir da história de um personagem glutão e atrapalhado. Despretensioso, o filme trabalha com signos afetivos que marcaram toda uma geração e que vão desde brinquedos a vilões marcantes, como o temido Dr. Gori do seriado Spectreman. Os conflitos de uma relação na terceira idade foram o tema da comédia dramática Desamor, de Herlon Kremer, que comove o público com a história de Heloísa e Alfonso.
Já o primeiro longa da Mostra Brasília apresentado nesta 55ª edição do FBCB foi o terno Capitão Astúcia, de Filipe Gontijo, que estreita os laços afetivos entre um jovem frustrado e seu avô sonhador apaixonado pela aventura e pela vida. Destaque para a bela atuação do veterano ator Fernando Teixeira, em papel que foge das atuações carrancudas que marcaram sua carreira. O filme, vale pontuar, é uma das obras do festival que contou, na produção, com fomento do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC).
A jornada de exibições continuou com a Mostra Competitiva, que está sendo exibida no Cine Brasília, mas também, e gratuitamente, no Complexo Cultural de Planaltina e no Complexo Cultural de Samambaia. O primeiro curta da noite foi o carioca Nossos Passos Seguirão os Seus…, de Uilton Oliveira.
Com narrativa experimental, o filme aposta no revisionismo histórico para contar a trajetória do operário brasileiro Domingos Passos, militante grevista dos anos 1920. “O filme fala da experiência de trabalhadores marginalizados na história do movimento operário”, destacou o diretor, chamando atenção para a reivindicação de luta que o projeto suscita.
Exibido em seguida, o curta Anticena, produção do DF dirigida pela dupla Tom Motta e Marisa Arraes, traz uma engenhosa trama metalinguística ao acompanhar a trajetória de um motoboy que tem o hábito de registar suas peripécias pelas ruas da cidade.
Já o longa pernambucano Espumas ao Vento, de Taciano Valério, discute o enfraquecimento e a banalização da arte popular por meio da trajetória de uma trupe de teatro de mamulengos de Caruaru. Nas entrelinhas desse drama reflexivo, que começou empolgando a plateia, estão questões como medo, perda e resgate da arte genuína do povo.