Além conter erros, a pesquisa do Instituto Data Tempo também serviu para muitos políticos e analistas contratados pela oposição fazerem análises mirabolantes
Uma pesquisa feita pelo Instituto Data Tempo chamou a atenção dos eleitores do Distrito Federal. O estudo, atribuído de forma equivocada aponta discrepância nos resultados apresentados e também na metodologia aplicada.
A pesquisa feita para avaliar o desempenho dos governadores dos Estados e do Distrito Federal, foi realizada entre os dias 9 a 15 de setembro, ouvindo 2. 025 pessoas no país, e, além conter erros, também serviu para muitos políticos e analistas contratados pela oposição fazerem análises mirabolantes.
Os dados apresentados pelo instituto aponta o governador do Distrito Federal com 50% de reprovação. Nenhum outro instituto apontou, até agora, semelhante quadro.
Numa analise mais profunda, é possível identificar que o caso mais grave que foi apontado em Rondônia, onde o governador Marcos José Rocha (PSL), aparece com rejeição de 76,9%, quando se constata que menos de dez pessoas foram entrevistadas no estado.
Credibilidade
A falta de credibilidade sobre os levantamentos de intenção de votos ou avaliações de governos se reforça com denúncias de manipulação de dados. Sem o uso de estatísticas corretas o resultado pode ser considerado fraudulento. O que nos leva a questionar até que ponto as pesquisas eleitorais são confiáveis?
Como identificar credibilidade de uma pesquisa?
De acordo com o professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Romanul Bispo, a amostragem para ser confiável, precisa ser aleatória, para que que não haja procedimentos que leve a escolhas baseadas em elementos pré-concebidos, digamos assim, ao interesse do pesquisador.
“As escolhas devem ocorrer igual como se faz em um sorteio. Ninguém deve estar previamente selecionado. É claro, a dúvida sempre existirá, pois o pesquisador assumirá uma probabilidade de cometer o erro. Confiança de 100% só mesmo quando sai o resultado da eleição. Afinal, é uma pesquisa de intenções de voto, não é o voto”, explicou.
Para identificar se uma pesquisa é fidedigna, é preciso analisar se a mesma guarda proporções equivalentes ao que se conhece da população. “Uma amostra com 70% de eleitores na faixa de idade de 16 a 18 anos leva ao descrédito, pois sabemos que a população de eleitores não tem esse percentual para jovens”, explicou Romanul Bispo, ao salientar que o número de entrevistados depende da margem de erro que se deseja assumir, não existindo, portanto, número pequeno ou grande.
Outra dica do professor para identificar a credibilidade da pesquisa é saber de quem é o instituto e o pesquisador, levantar elementos para saber que se existe ligações estreitas com grupos políticos que disputam o pleito, e observar o comportamento do instituto em eleições passadas.
Pesquisa no DF
Pesquisa realizada por um instituto referência no DF, entre os dias 15 e 26 de agosto de 2021, com 4.090 pessoas entrevistas, margem de erro de 1% e intervalo de confiança de 98% mostra um resultado bem diferente. Quando perguntados se aprovam o governador Ibaneis Rocha, 48,1% aprovam, 44,5% desaprovam e 7,4% não souberam responder
Governo Ibaneis
Segundo a pesquisa do Data Tempo, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), é o décimo governador pior avaliado por seus eleitores. Levantando a quantidade de pessoas entrevistadas no DF, algo em torno de 30 pessoas, temos a margem de erro de 18,2% para mais ou para menos.
43,2% aprovam
O levantamento diz que o governo Ibaneis é aprovado por 25% da população, outros 25% não responderam ou não sabem e 50% desaprova o governo. Na prática, com a margem de erro de cerca de 20%, podemos afirmar que a aprovação do governador Ibaneis pode chegar a 43,2%, bem diferente dos 25%.
OPINIÃO
O levantamento do Instituto Data Tempo serviu apenas para a propagação de fake News em que o governador Ibaneis Rocha (MDB) estaria entre os governadores mais mal avaliados do país, o que a pesquisa não pode afirmar.
É importante ressaltar, que o momento que estamos vivendo, de pós-verdade, em que as pessoas dão mais valor às próprias opiniões do que aos fatos, também contribui para essa realidade, assim como ocorre com as notícias falsas e a negação da ciência, que também vemos por aí.