Educação no trânsito e cidadania para estudantes do ensino médio

Parceria entre Detran e Secretaria de Educação, curso de 90 horas prepara alunos e dispensa a parte teórica exigida no processo de obtenção da CNH

Formar cidadãos conscientes em relação à mobilidade urbana e capazes de aplicar no dia a dia a direção defensiva e a legislação, colaborando para uma cultura de paz e convivência respeitosa nas vias. Este é o objetivo do curso Cidadania no Trânsito, promovido em parceria do Detran-DF com a Secretaria de Educação. A ação ocorre dentro das salas de aula da rede pública desde 2021.

O público-alvo é formado por alunos dos 2º e 3º anos do ensino médio. Cada escola participante estabelece os critérios de seleção dos estudantes a serem matriculados no programa. Em cada unidade escolar, todos os alunos destes anos podem assistir à palestra inicial. Em seguida, a escola é responsável por selecionar os 35 estudantes que serão contemplados com o curso.

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“Quando o aluno faz o curso de 90 horas/aula, a parte teórica já estará garantida quando ele tiver o interesse em obter a Carteira Nacional de Habilitação. Ou seja, não é preciso fazer a parte teórica novamente, apenas fazer a prova e depois ir para a aula prática, o que gera uma economia de aproximadamente R$ 400”, explica o diretor-geral do Detran-DF, Zélio Maia.

O gestor explica como funciona o programa com mais detalhes e mostra o quanto o público-alvo se mostra interessado em participar do curso. “A meta é levar a legislação de trânsito e uma noção de cidadania a esses jovens e adolescentes. Nesta quinta-feira (24), fomos a uma escola no Centro de Ceilândia, onde 400 alunos ficaram interessados. A direção fará um processo seletivo interno e 35 serão contemplados. Nós oferecemos o curso, com toda a estrutura, e a direção do colégio seleciona os alunos”, ressalta Maia.

Nesta sexta-feira (25), o programa foi levado ao Centro de Ensino Médio 1 do Guará, na QE 7. Lá, cerca de 130 estudantes estavam atentos às explicações do diretor-geral e de outros integrantes do Detran. “Já tivemos vários retornos muitos bons, inclusive de diretores de escola, dizendo que houve uma injeção de ânimo nos alunos e possibilitou uma visão mais ampla do que é viver em sociedade, pois ministramos o curso focado no compartilhamento de espaço. Não é apenas trânsito, mas sim o que é ser cidadão. Por exemplo, temos aula de preservação ambiental e os impactos de um carro na natureza”, completou Maia.

Duas alunas que assistiram à palestra estavam bastante empolgadas e já quiseram ser selecionadas pela diretora do colégio para fazer o curso. “É uma grande oportunidade, porque a maioria das pessoas tem a intenção de ter a carteira de habilitação, mas é cara. Então, essa economia ajuda bastante”, diz Giovana Lissa, 16 anos, que cursa o 2º ano do ensino médio.

Ana Vitória Negrão, 17 anos, que está no 3º ano, vai além. “Já tenho notas boas e, a partir de agora, vou estudar ainda mais para ser escolhida para participar do curso. Essa parte do desenvolvimento como ser humano também me interessa”, acrescenta a estudante.

Notas altas, poucos problemas com professores e respeito aos colegas de escola são aspectos que a maioria dos colégios estipula como critério para contemplar o aluno com uma das 35 vagas no Curso Cidadania no Trânsito. “Quem me dera ter essa oportunidade quando eu tinha meus 16, 17 anos de idade, pois desde nova já teria uma noção da importância da minha situação enquanto cidadã. É uma parceria muito relevante essa entre o Detran e a Secretaria de Educação. A maioria não tem idade para ser condutor, mas já começa a criar consciência e pode transmitir o aprendizado aos pais, outros familiares e amigos. Podem passar a ter maior discernimento na hora de aceitar uma carona. Enfim, é um programa sensacional”, exalta a diretora do Centro de Ensino Médio 1 do Guará, Cynara Martins.

Direção e álcool

O assunto mais debatido na palestra foi a perigosa combinação de direção com o uso do álcool. Detran, Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) e Polícia Militar do DF (PMDF) flagraram, em 2020, 21.847 pessoas desrespeitando o artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro, que proíbe dirigir sob o efeito de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa. Em 2021, foram pegas 27.334 motoristas e entre janeiro e fevereiro deste ano, 5.145 foram flagrados nessa situação.

Durante a aula, são escolhidos dois alunos, uma menina e um menino, para colocarem um óculos que simula como fica a visão de quem está com alcoolemia, mostrando também como a coordenação motora é afetada. Ambos, sem os óculos, andaram de forma correta sobre uma linha branca, que funcionava como se fosse a pista. Com os óculos, todos teriam causado um acidente.

“Os óculos podem ajudar a diminuir o número de pessoas dirigindo embriagadas. É visível que eles passam a refletir que não existe controle sobre a quantidade de bebida que irão consumir e a consequente perda de vários sentidos, como a noção de distância. Eles veem os alunos com os óculos andando torto e percebem como o risco de beber e dirigir é muito grande”, comenta Marcelo Granja, diretor de Educação de Trânsito.

“Independentemente de a pessoa querer ser condutora ou não, focamos em elevar o processo de cidadania. Tem conteúdo de legislação, direção defensiva, postura no socorro em caso de um acidente. Este projeto leva os alunos do ensino médio, com uma idade próxima aos 18 anos, a poderem ter essas iniciativas de postura e segurança para lidar com o trânsito, seja como pedestre, ciclista, motorista ou passageiro”, encerrou Marcela Granja.

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