Imagem: site do deputado distrital Cláudio Abrantes
Desde a confirmação do primeiro caso de coronavírus no DF e a declaração de pandemia mundial causada pelas contaminação do novo vírus. A procura pelos programas de assistência social do governo local explodiu. Os atendimentos feitos pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) aumentaram 252% entre março e maio deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado.
A Sedes atendeu 18.856 famílias carentes naqueles três meses de 2019 comparado a este ano. O número saltou para o total de 66.422 em março, abril e maio em 2020, época de isolamento social e outras medidas de combate à Covid-19. A busca por amparo do GDF cresceu 371% só em maio, com um aumento de 5.923 casos em 2019 para 21.985 em 2020.
66.422Total de famílias atendidas pela Sedes entre março e maio deste ano
Os números são de atendimentos feitos por toda a rede socioassistencial do DF, incluindo o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), o Centro de Referência Especial de Assistência Social (Creas) e o Centro Pop, que oferta serviço especializado para as pessoas em situação de rua.
A maior procura é por cestas básicas, entregues a famílias que estejam enfrentando dificuldades e insegurança alimentar. Só em maio, as unidades do Cras receberam 18.395 solicitações de cestas, 83% de todos os atendimentos feitos.
Cartão Prato Cheio
A demanda foi tão grande que levou o GDF a criar o Cartão Prato Cheio, um auxílio que permite a transferência de crédito para aquisição de itens da cesta de alimentos e de pão e leite, como forma de garantir alimentação às famílias carentes do DF. O valor do benefício é de R$ 250, com uso restrito em estabelecimentos alimentícios (o cartão não está habilitado para a função saque).
Até 1º de julho, 30 mil famílias que solicitaram as cestas básicas de alimentos em alguma das unidades de atendimento socioassistenciais do DF serão contempladas. Além dos 4 mil cartões já entregues, 26 mil unidades serão distribuídas entre os dias 22 deste mês e 1º de julho.
“Antes da pandemia, conseguíamos entregar as cestas emergenciais na casa das famílias em sete dias; com o aumento da demanda, esse prazo passou para 20, 40 dias”, relata a coordenadora de proteção básica da Sedes, Nathália Eliza de Freitas. “Muitas vezes, nem tínhamos a previsão de cesta no contrato”. Segundo a gestora, o Cartão Prato Cheio também vai permitir que as famílias comprem proteínas (a cesta básica vem com um pedaço de charque) e fomentar a economia local.
Outros atendimentos
Nathália conta que a maioria das famílias que buscam auxílio do governo pede a cesta básica emergencial, mas lembra que a Sedes tem uma rede de assistência que auxilia a população carente de várias maneiras, com benefícios que ajudam no pagamento do aluguel, na reconstrução de uma casa que pegou fogo ou de um muro que desabou em uma tempestade, no nascimento de um novo membro da família ou em caso de morte, por exemplo. “São apoios concedidos em situações emergenciais, não são benefícios concedidos por meses continuados”, explica.
O Creas tem um atendimento especializado para a proteção e atendimento a famílias e indivíduos (crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, mulheres) em situação de ameaça ou violação de direitos – como violência física, psicológica ou sexual. Os psicólogos e assistentes sociais também atendem famílias de adolescentes que estejam cumprindo medidas socioeducativas ou se encontrem afastados do convívio familiar devido à situação de rua.
Atendimento remoto
O Cras e o Creas estão atendendo remotamente por telefone. A Sedes disponibilizou dois números por unidade (veja nos quadros abaixo) que funcionam tanto para os atendimentos iniciais quanto para o acompanhamento feito mensalmente pelos psicólogos e assistentes sociais. As visitas estão momentaneamente suspensas.
Na Estrutural, cerca de 70% dos trabalhadores são autônomos que enfrentam dificuldade de trabalhar durante a pandemia, 1,2 mil famílias se encontram em situação de extrema pobreza e 1,8 mil são beneficiárias do Bolsa Família. Quem conta é Samantha Côrrea, gerente do Cras da cidade. “A população aqui está passando por muitas dificuldades”, aponta. “As famílias são numerosas, os cômodos das residências são pequenos, a escolaridade da população é baixa. Mensalmente, entregamos cerca de 700 cestas emergenciais aqui”.
O Cras de Samambaia Sul atende mais de 100 ligações por dia. Há pessoas que vão até o portão da unidade porque não têm nem telefone em casa. Com a pandemia, várias famílias começaram a ser atendidas. “Muita gente perdeu emprego, teve o trabalho suspenso, teve queda na renda e está em situação difícil”, confirma o gerente da unidade, Ricardo Carvalho do Nascimento.
*Oito Quatro Notícias com informações da Agência Brasília