Medidas do governo têm como base o grande número de autuações registradas no trânsito local; prática perigosa dos motoristas representa infração gravíssima
As vias do Distrito Federal têm encontrado dificuldade para se livrar de um inimigo pequeno em tamanho, mas gigante em periculosidade. O número de autuações pelo uso de celular ao volante tem aumentado de forma preocupante, um fenômeno que causa danos muito maiores do que o prejuízo financeiro. Para trabalhar a conscientização dos motoristas, o governo local tem investido em educação, policiamento e fiscalização.
Em 2021, segundo o Departamento de Trânsito (Detran-DF), 93.050 motoristas foram autuados por cometer a infração. O número subiu para 96.441 no ano seguinte. Em janeiro e fevereiro de 2023, a quantidade de multas aplicadas em quem dirigia com o aparelho telefônico nas mãos chegou a 16.254, superando o total do mesmo período do ano anterior (16.024).
LEIA TAMBÉM:
- BRB recebe reconhecimento como organismo fundamental de desenvolvimento do DF e região
- Ibaneis manda asfaltar rodovias rurais que ligam o Gama a divisa com Goiás
- Caderneta de vacinação: apenas o esquema vacinal completo previne contra a hepatite B
- Copom mantém taxa básica de juros em 13,75% ao ano
Posicionada no viaduto da plataforma superior da Rodoviária de Brasília, a equipe da Agência Brasília não precisou nem de dez minutos para flagrar pelo menos cinco motoristas usando o celular ao volante. Seja para mandar mensagem, conferir as redes sociais ou falar com alguém, a atenção dos motoristas está constantemente nos aparelhos, com o veículo em movimento ou não.
Dirigir com o celular na mão ou falando ao telefone é considerado uma infração gravíssima, prevista no artigo 252 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O delito rende sete pontos na carteira e multa no valor de R$ 293,47. Mas o prejuízo pode ir muito além do financeiro, garante o diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran-DF, Wesley Cavalcante.
“O uso do celular ao volante retira a atenção do condutor para tudo o que acontece na via e diminui o tempo de reação para frear ou mudar a direção do veículo”, explica Wesley. “Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde mostra que dirigir utilizando o aparelho aumenta em até 400% o risco de acidente. No DF, inclusive, já registramos ocorrências com vítimas fatais.”
Os riscos de conduzir um veículo com a atenção voltada para o celular é tão grande que pode ser equiparado à direção sob efeito de bebidas alcoólicas. “Estudos que indicam que o álcool retarda em 12% o tempo que o condutor leva para frear. Usando o aparelho telefônico, esse percentual pode chegar a 35%”, informa Wesley. “Os perigos são parecidos nos dois casos”.
Para aumentar a conscientização dos motoristas em relação ao uso do celular no trânsito, o Detran-DF atua em três linhas de ação. A primeira delas aposta nas campanhas educativas, com blitz e abordagem de condutores – o órgão tem 450 profissionais envolvidos na causa, entre agentes de trânsito e servidores da educação.
“A segunda frente é o policiamento de trânsito, com viaturas colocadas em pontos estratégicos para inibir a conduta irregular”, afirma Wesley. “E a terceira é a fiscalização, com imposição de multa mediante flagrante.”
O motorista Valdir Bispo, 48 anos, apoia as campanhas educativas organizadas pelo Detran-DF. Ele mesmo confessa que, de vez em quando, atende a ligações enquanto dirige. Mas garante que tem se policiado para deixar de lado o mau comportamento. “Todo mundo sabe que é errado, né? Uma vez eu quase catei a guia porque estava distraído com o celular, um perigo”, confessa. “Depois disso, passei a evitar pegar no aparelho ao volante”.