Profissionais pedem o reajuste de tarifas, o fim dos descontos que reduzem a remuneração pelas corridas e mais segurança para trabalhar
Rogério Isaías da Silva trabalha como motorista de aplicativo há quatro anos. Ele diz que, com a chegada da pandemia, tudo mudou. “Se antes a gente tinha que trabalhar muito, hoje em dia tem que trabalhar muito mais em quantidade de horas. E o risco é muito grande. Combustível caro, assalto, multas de trânsito e infinitas outras situações que acontecem, como acidentes, que podem trazer prejuízos.” Motoristas de todo o pais reclamam de prejuízos financeiros após as empresas de aplicativo de transporte reduzirem as tarifas na disputa por passageiros. Fabio Ziroldo, que atua no segmento desde 2016, diz que há casos em quem o valor da corrida não cobre sequer o custo com combustível.
LEIA TAMBÉM:
- “Bolsonaro sempre foi um bom marqueteiro, porém o bom marketing não vende um péssimo produto”, disse Luis Miranda
- Novo Ensino Médio: veja o que muda nas escolas do DF, a partir de 2022
- Construção civil oferece mais de 150 vagas de emprego
- Cartão Gás vai movimentar R$ 24 milhões até fim do ano
“Desde 2016 não temos reajuste e reduziu ainda mais. Os combustíveis aumentaram muito o preço e a manutenção também tem consumido demais os ganhos. É mais seguro transportar mercadoria do que passageiro”, disse. Dados do IBGE de 2019 apontam a existência de mais de 1 milhão de motoristas de aplicativo — número que deve ter crescido ainda mais na pandemia e com a crise econômica no pais, quando diversas pessoas perderam o emprego e encontraram no trabalho autônomo uma alternativa para sobreviver. O presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo, Leandro Cruz, diz que atualmente a oferta de transporte para passageiros é maior do que a demanda, o que obrigou os motoristas a buscarem alternativas de trabalho. “Muitos deles estão migrando para plataformas de mercadoria. O motorista está vendo o que é melhor para ele. É isso o que está acontecendo com os nossos motoristas, está tendo essa migração. A conta não fecha.”
Ainda segundo Leandro Cruz, a categoria reivindica reajuste de tarifas, o fim dos descontos que reduzem a remuneração pelas corridas e mais segurança para trabalhar. Em nota, a Uber disse que os preços dos combustíveis fogem do controle da empresa — mas que, por meio de programa de vantagem para parceiros, procura ajudar os motoristas a reduzirem gastos fixos através de parceiras e descontos. Já a 99 disse, em nota, que desde fevereiro garante 10% de desconto em todo o abastecimento em postos da rede Shell pelo país e que, em datas estratégicas, zeram as taxas aplicadas nas corridas — e 100% do valor é repassado ao motorista parceiro. A empresa destacou ainda que todas as promoções são subsidiadas pela plataformas, sem ônus para o parceiro.
Fonte: Jovem Pan