Filho de faxineira, ex-aluno de escola pública é aprovado em 9 universidades dos EUA: ‘quero ser exemplo para inspirar mais jovens’

Com a infância marcada pela pobreza em Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, Fred Ramon, de 20 anos, encarou os estudos como uma chance para mudar de vida. Aprovado em nove universidades americanas, ele se prepara para entrar no curso de Ciência da Computação e Estudos Globais da Whittier College, em Los Angeles, na Califórnia.

Negro e filho de uma faxineira, o ex-aluno da rede pública municipal do Recife concluiu o Ensino Médio, em 2018, na Escola Estadual Professor Fernando Mota, em Boa Viagem, na Zona Sul da cidade.

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O interesse em aprender inglês veio de músicas como as da cantora pop Christina Aguilera.

“Eu gostava de entender o que ela falava e queria falar com ela em inglês também. Desde pequeno, escuto muito música americana. Então, a música me fez querer estudar inglês e estudando inglês eu descobri o mundo que é o Estados Unidos e todo esse universo global”, lembrou.

O resultado do esforço foi uma bolsa de 70% na universidade de Los Angeles e na aprovação também na Universidade de Inovação ASU; Manhattanville College; Florida Tech; Temple University; University of Arizona; Stetson University; Adelphi University; e University of La Verne.

O gosto pelo estudo, segundo Fred, vem do que uma boa educação proporciona. A coleção de livros é o principal tesouro da casa inacabada.

Alguns foram achados no lixo. Com eles, o jovem aprendeu idiomas, acumulou diplomas e não parou mais. Fez um curso atrás do outro.

Durante o período na escola, fez dez cursos. “Desde o primeiro ano [Ensino Médio], eu tenho esse interesse. Fiz cinco cursos de línguas, três de inglês, um de espanhol, um de francês, empreendedorismo, curso se artes, fui bailarino, também fui do conselho municipal”, lembrou.

Orgulhosa, a mãe dele, Suely Santo, contou que nunca precisou pedir para o filho estudar. “A nota dele era a máxima, nunca tive nenhum problema. Ele ia para a aula até debaixo de chuva. Dobrava a calça, sapato na mão e aqui fica um rio quando chove. Nunca, nunca faltou. Às vezes, aparecia trabalho no sábado e ele ia”, lembrou.

Fred também quis compartilhar conhecimento. Fez trabalho voluntário, deu aulas de idiomas para crianças. Na pandemia, focou ainda mais nos estudos. Virou noites no computador. “Está velhinho, mas foi com ele que fui aprovado em nove universidades”, disse.

O que ajudou na aprovação de Fred Ramon não foi só o que ele aprendeu na escola, mas o que fez fora da sala de aula, no papel de cidadão.

Ex-professores escreveram cartas de recomendação. “Eu me ponho nesta posição de estar me expondo, porque eu quero que outros jovens tenham esta consciência de que nós podemos melhorar o Nordeste. Eu quero realmente chegar aqui no Brasil e conseguir ajudar mais jovens e fazer mais e mais e mais”, frisou.

*Com informações de G1

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