Ex-presidente ataca sucessor quatro dias depois de encontro de petistas com emedebistas
Quatro dias após encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com líderes emedebistas, a ex-presidente Dilma Rousseff divulgou nesta sexta-feira (22) nota em que chama o ex-presidente Michel Temer (MDB), seu ex-vice e sucessor, de golpista e traidor.
Temer é apontado como um dos articuladores do impeachment de Dilma, tendo assumido sua cadeira em 2016. Na nota, em que se refere ao ex-vice como “este personagem”, Dilma afirma que “Temer não engana mais ninguém”, e “o que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo”.
Temer retrucou em uma postagem nas redes sociais. “É tão desarrazoada a manifestação da ex-presidente Dilma Rousseff que não merece resposta”, publicou.
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As declarações da petista nesta sexta-feira são uma resposta à entrevista ao UOL em que Temer atribuiu o impeachment de Dilma a dificuldades de relacionamento com o Congresso. Temer também chamou a antecessora de honestíssima.
“Não houve golpe. Eu quero dizer que a ex-presidente é honesta. Eu sei, e pude acompanhar, que não há nada que possa apodá-la de corrupta. Ela é honestíssima. Mas houve problemas políticos. Ela teve dificuldades no relacionamento com a sociedade e com o Congresso Nacional. Esse conjunto de fatores levou multidões às ruas”, disse Temer ao UOL.
Em resposta, Dilma diz que é inócuo afirmar que não houve golpe, “pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014”.
“Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes”, publicou ela.
Ainda segundo Dilma, as provas materiais estão expressas em medidas adotadas na gestão Temer e cuja condução em um eventual governo Lula é hoje alvo de curiosidade, especialmente nas reuniões do petista com empresários.
“As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estava em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes”, escreveu.
Fonte: Folha de São Paulo