Deputado Professor Israel se declara homossexual e defende bandeira dos direitos humanos contra barbárie

O parlamentar do PV foi criado em família de pastores evangélicos diz: Não sou de aceitar piadinha, ameaça, de jeito nenhum. Sempre há um apontamento, uma ameaça velada. Ela está sempre ali subjacente, como se fosse possível me expor, me constranger”

Israel Batista tornou-se deputado federal pelo PV do Distrito Federal. Ele teve criação evangélica e traz a bandeira da educação. Ao Correio Braziliense, Professor Israel declara pela primeira vez, publicamente, que é gay. Faz isso depois do governador Eduardo Leite e o senador Fabiano Contarato, que são abertamente LGBTQIA+.

Mas percebeu no curso da trajetória política que o mandato deveria servir também a uma causa mais ampla: os direitos humanos.

“Não preciso ser mulher para defender os direitos das mulheres. Não preciso ser preto para defender uma pauta antirracista. Não preciso sofrer perseguição para exigir tolerância, respeito. E não precisaria nem ser gay para defender os direitos humanos, a comunidade LGBTQIA+, no país que mais mata gays na América,” afirmou o deputado em entrevista ao Correio Braziliense.

Ele revelou que começou a pensar em se assumir após a fala do presidente da republica, Jair Bolsonaro (sem partido). “Ficou claro, para mim, quando o presidente disse que a homossexualidade era uma questão de educação, e que bastava dar uns tapinhas, umas chineladas, e o menino virava homem. Aquilo magoou muito minha família. Modéstia à parte, eu recebi uma educação primorosa dos meus pais.  Eles são muitos rigorosos. Exigem de nós as notas mais altas, exigem de nós quatro comportamento muito adequado. São pessoas muito corretas, muito religiosas. E eu vi que aquilo os feriu profundamente. E essa tristeza que chegou aos meus pais ficou ali sendo curtida por muito tempo. Até que eles vivenciassem também um processo para entender que o que esse maluco estava falando não tinha nada a ver com a realidade.

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Para o parlamentar, a orientação sexual não deveria ser uma questão, mas é. Portanto, falar é estar numa posição de alerta. “A gente não deveria ter que falar sobre isso, mas viver isso. Mas esse momento exige fala, posicionamento, postura. Exige que a gente tenha coragem de enfrentar esse estado de coisa que está se formando no Brasil”, enfatizou.

O deputado federal também lembrou da importância da representatividade e do combate a prática como a “cura gay”. “Há um momento político no Brasil em que a neutralidade pode parecer conivência. Não estamos nesse momento. Esse é um momento de combate, de dizer que nós não aceitamos que este país seja dominado pela barbárie”.

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